O coronel Cláudio Fernando Carneiro Tinoco, de 47 anos, assumiu o comando-geral da Polícia Militar de Mato Grosso nesta sexta-feira (29), durante uma solenidade no Quartel do Comando-Geral, em Cuiabá. A posse foi oficializada pelo governador Mauro Mendes (União), marcando a substituição do coronel Alexandre Corrêa Mendes no cargo.
A troca ocorre em um contexto de insatisfação dentro da corporação e cobrança por maior atenção à segurança pública por parte do Estado. Apesar da estabilidade fiscal alegada pelo governo, a falta de investimentos, como novos chamamentos e reajustes salariais, tem gerado tensões.
Sem novos chamamentos
Em sua primeira entrevista como comandante-geral, Tinoco descartou a convocação de novos policiais no momento, destacando a necessidade de prudência financeira. “Nós temos hoje um Estado equilibrado. Eu preciso valorizar os homens que estão aqui dentro. É lógico que todos nós queremos ter mais colegas, mas tudo isso deve ser levado em consideração com muita prudência para que nós não tenhamos outros efeitos colaterais dentro da instituição”, afirmou.
Essa postura contrasta com demandas crescentes de reforço no efetivo, especialmente diante de altos índices de criminalidade em algumas regiões do estado.
Reformulação do Código Penal
Tinoco também ressaltou a necessidade de mudanças no Código Penal como um fator crucial para a segurança pública. Ele defendeu que a legislação atual facilita a soltura de criminosos, prejudicando os esforços das forças policiais. “Sem uma reforma legislativa, o trabalho da polícia acaba sendo em vão em muitos casos”, destacou.
Aumento salarial em pauta
Outro tema sensível abordado foi o aumento salarial da categoria, que vinha sendo cobrado pelo ex-comandante Alexandre Mendes. Tinoco afirmou que apresentará a demanda ao governador no momento oportuno, mas destacou que a abordagem deve ser estratégica. “A estratégia correta é aquela em que a instituição planeja e que a população também demanda. Queremos desenvolver a PM em vários aspectos”, explicou.
Desafios no comando
A troca de comando reflete um esforço do governo do Estado para lidar com as críticas sobre a gestão da segurança pública. Enquanto o governo afirma manter equilíbrio financeiro, a Polícia Militar enfrenta desafios estruturais, como déficit de efetivo e insatisfação salarial.
O novo comandante-geral terá o desafio de equilibrar as demandas internas da corporação com as limitações orçamentárias impostas pelo governo. A expectativa da sociedade e dos próprios policiais será um fator determinante para avaliar o sucesso de sua gestão.